quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estudos revelam existência de água em Marte e na Lua


24/09/2009 - 03h20

Washington, 23 set (EFE).- A Lua e Marte, corpos do sistema solar que se acreditava eram absolutamente áridos, na realidade contêm água, segundo revelam estudos baseados em observações de instrumentos da Nasa divulgados hoje pela revista Science.

No caso de Marte, os instrumentos e câmaras da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) indicam que em crateras de meteoritos entre o polo norte e o equador marciano poderia haver sob sua superfície água que é em 99% pura, assinalou um dos estudos.

"Sabíamos que havia água sob a superfície nas latitudes altas de Marte, mas esta se estende muito mais próxima do equador que o que se achava", indicou Shane Byrne, cientista da Universidade do Arizona.

Byrne, encarregado da câmara de alta resolução instalada na sonda MRO, indicou que "o outro descobrimento surpreendente é a pureza do gelo exposto nas crateras causados pelo impacto dos meteoritos".

O cientista explicou que devido a que a água se acumula sob a superfície se pensou que esta seria uma mistura de pó e líquido.

"Mas pudemos determinar, dado o tempo que demorou o gelo em desaparecer, que a mistura é de 1% de pó e 99% de gelo", indicou.

Há 40 anos, quando os astronautas das missões Apolo da Nasa trouxeram pedras lunares as puseram em caixas que tinham filtragens.

Isto levou aos cientistas acreditarem que o ar da Terra tinha contaminado os contêineres e a descartar a ideia que pudesse haver água no satélite natural.

No entanto, Larry Taylor, da Universidade do Tennessee, assinalou no estudo que as últimas provas e experimentos científicos indicaram que essa suposição era errônea.

"Nos enganamos. Como havia filtragens nos contêineres supusemos que a água provinha do ar terrestre", assinalou.

Taylor e sua equipe de cientistas usaram um instrumento da Nasa montado no satélite indiano Chandrayyan-1 para analisar a luz que reflete na superfície lunar a fim de determinar seus materiais.

Esse instrumento detectou longitudes de onda que indicariam um enlace químico entre dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio para formar a molécula de água (H20).

Segundo o estudo, na Lua existiriam dois tipos de água: exogênica, proveniente de objetos externos como meteoritos ou cometas que fizeram impacto na superfície, ou endogênica, ou seja, proveniente de seu interior.

Taylor e sua equipe assinalam que é muito possível que a água que se detectou na lua tenha uma origem endogênica.

"Os isótopos de oxigênio que existem na Lua são iguais aos da Terra, por isso seria difícil, se não impossível, estabelecer a diferença entre a água da Lua e a água da Terra", manifestou Taylor no estudo.

Fonte:http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2009/09/24/ult1809u18080.jhtm

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Novo laboratório do IAG pesquisará origem e desenvolvimento da vida no contexto cósmico


Cristiane Sinatura / USP Online
cristiane.sinatura@usp.br

Bastante difundida no meio acadêmico e científico internacional, a astrobiologia – ciência que estuda a vida no cosmos, sob o viés de várias áreas do conhecimento – está prestes a consolidar seu espaço no Brasil. Em Valinhos, interior de São Paulo, o Observatório Abrahão de Moraes, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, vai ganhar uma câmara de simulação de ambientes extraterrestres – a primeira do tipo no Hemisfério Sul –, que já está em construção e deve entrar em funcionamento a partir de 2010.

Trata-se de um dispositivo que permite a regulação de parâmetros como radiação, pressão, composição atmosférica e temperatura, de forma a simular as condições de outros ambientes cósmicos, como meteoritos e planetas, e também da Terra primitiva. Atualmente, o grupo de astrobiologia do IAG, coordenado pelo professor Eduardo Janot Pacheco, realiza experimentos no Laboratório Nacional de Luz Síncroton, em Campinas.

Douglas Galante, pós-doutorando em astrobiologia no IAG e um dos primeiros doutores brasileiros na área, explica que, com a nova câmara em Valinhos, será possível explorar de maneira mais complexa e precisa a origem, o desenvolvimento e a manutenção da vida. Para isso, serão submetidos aos ambientes simulados micro-organismos capazes de sobreviver em situações extremas – os extremófilos -, coletados em regiões como o deserto de Atacama, no Chile, a Antártica e os Andes.

A câmara será aberta a toda a comunidade científica que submeta projetos de pesquisa. Futuramente, servirá também ao curso de graduação em astronomia do IAG, por meio de oficinas nas quais os alunos poderão realizar experimentos ao longo de uma semana. E, como o observatório de Valinhos recebe visitas da comunidade não-científica, a idéia é que a câmara possa também ser aberta à visitação, como forma de divulgação científica e expansão da astrobiologia. “Queremos transformar o Observatório de Valinhos em um polo de pesquisa e ensino na USP, com um grande potencial a ser explorado”, afirma Galante.

Interdisciplinaridade e parcerias
Junto à câmara, será construído também um laboratório de química e biologia, para a manipulação adequada dos extremófilos, já que as amostras são altamente sensíveis a contaminações. Isso reforça a inter e multidisciplinaridade que caracteriza a astrobiologia, que inclui também conhecimentos da física e da geologia.

O projeto da câmara teve origem a partir dos estudos do grupo de astrobiologia do IAG, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para a construção da câmara, o grupo conta com o apoio da Escola Politécnica (Poli) da USP, responsável pelo projeto mecânico e eletrônico. Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a câmara terá custos de um milhão de reais.

Em seus estudos, o grupo do IAG também tem parcerias com o Instituto Oceanográfico (IO) da USP, a Pontifícia Universidade Católica do Chile, a Nasa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Universidade Mauá. Com a Nasa, o grupo mantém um projeto de lançar extremófilos em balões. Já com a Universidade Mauá, os planos são de construir um satélite para experimentos biológicos.

Atualmente, o grupo está envolvido em projetos que estudam a origem da vida e a bioquímica em gelos cometários, a resposta biológica de micro-organismos em ambiente espacial e marciano, e também em ciência aplicada, para o desenvolvimento de materiais de uso espacial. Uma das principais teorias trabalhadas pelo grupo é a da panspermia, que colocam os meteoros e cometas como o “meio de transporte” pelo qual formas de vida bastante simples teriam chegado à Terra, há bilhões de anos.

Interessados em saber mais sobre as pesquisas em astrobiologia do IAG podem entrar em contato pelo telefone (11) 3091-2815 ou pelo email douglas@astro.iag.usp.br.Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Fonte:http://www4.usp.br/index.php/ciencias/17476-revisado-novo-laboratorio-do-iag-pesquisara-origem-e-desenvolvimento-da-vida-no-contexto-cosmico